quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O Sol já vem raiando - Brooke Shields


Uma das partes que mais me emocionou no livro, Depois do parto, a dor, é o final dele ao qual a autora Brooke Shields coloca em algumas palavras os diferentes sentimentos que passou desde a tentativa de engravidar e a luta com a depressão. E com vcs queridas mamães e familiares, quero dividir essas palavras.


"No momento em que escrevo isso, passou-se um ano desde que ocorreu o nascimento traumático de minha filha e que começou a minha luta com a depressão pós-parto e mais de três anos desde que dei os passos iniciais para ter um bebê. Minha jornada particular para a maternidade não poderia ser mais diferente do que eu esperava. A partir do dia em que adentrei o consultório de minha médica especialista em reprodução humana foi como se tivesse mergulhado num estado alterado de existência. Quando paro para lembrar, não estou bem certa quem estava vivendo minha vida. Eu estava seguindo a maré, mas não sentia nunca que era eu mesma. Se tivesse parado para calcular as chances de engravidar, poderia nunca ter tido a força para continuar. Tudo o que eu podeia ver era a linha de chegada. Por fim, voltei a este mundo, e, embora esteja diferente, também estou mais forte e bem mais feliz do que sonhei um dia ser. Pela primeira vez em um bom tempo, sinto-me como se estivesse de volta ao meu corpo e completamente envolvida com a minha vida.
Passar pela depressão pós-parto foi o desafio mais assustador e devastador que já encarei até hoje. Ter um aborto foi de muitas maneiras opressivo, mas não mexeu com a minha cabeça, e eu tinha razões para continuar. Perder meu amigo David para o suicídio foi chocante e mudou minha vida para sempre, mas eu o carrego comigo, assim como o meu pai. Senti uma tristeza e um sentimento de perda profundos, mas nunca antes tive de lidar com um medo tão agudo e com tamanha vontade de morrer. Viver esses longos meses depois de dar à luz me proporcionou uma apreciação maior de minha filha do que se a experiência tivesse sido mais fácil. Além disso, como a depressão me arrasou, fui forçada a me analisar com mais profundidade.
No passado, nunca tive problemas em fazer algo uma vez que me decidia a fazer. Então não me ocorreu que eu não seria capaz de cuidar de uma recém-nascida e meu eu pós-parto. Eu achava que meu problema era engravidar, mas, uma vez que superasse isso, o resto seria moleza. A depressão pós-parto alterou minha perspectiva. Era como se eu tivesse sofrido um terrível e estranho acidente de carro, no qual voei de cabeça através do para-brisa pelo qual eu tinha enxergado minha vida nos últimos 37 anos. De repente, não apenas eu não podia fazer a coisa que tinha planejado fazer (criar um filho), como não podia lidar com qualquer aspecto disso. A parte assustadora era que eu nem queria tentar melhorar a situação. Estava infeliz demais para acreditar que um dia iria melhorar.
A parte infeliz disso é que nunca fui informada seriamente sobre o fato de que depressão pós-parto pode ocorrer. Ela é bem real e devastou de maneira silenciosa a vida de muitas pessoas. Se eu tivesse sido mais informada, talvez não tivesse me considerado uma candidata, mas ao menos poderia munir-me de algumas informações importantes. Sou incrivelmente grata por ter reconhecido desde cedo que algo estava errado e por ter sido capaz de encontrar ajuda. Odeio pensar nas mulheres que suportaram esse tipo de depressão por longos períodos de tempo sem saber que havia auxílio disponível.
Passei por uma garnde mudança em meu amor e na valorização de minha filha. Em vez de me sentir entorpecida em relação a ela ou de imaginá-la sendo machucada de alguma forma, agora anseio por ela e quero protege-la com minha vida. Algumas vezes sinto como se literalmente não pudesse ter o suficiente dela e que a inalaria em meus pulmões e a injetaria em minhas veias se pudesse. Meses antes, quando eu me lamentava prostrada na cama, nunca acreditaria que poderia me sentir desse jeito.
Quando Rowan estende a mão para mim, ou quando corre pela sala para se aninhar em meu peito, sei que eu tive êxito e minha vida parece completa. Nesse sentido, a maternidade é ao mesmo tempo egoísta e abnegada. Rowan me dá propósito e faz com que eu me sinta mais especial do que nunca, e, ao mesmo tempo, eu morreria por ela. Quando me lembro dos pensamentos sombrios que tive quando estava realmente deprimida e querendo acabar com a própria vida, e agora eu a daria se fosse em benefício de minha filha.
Embora ser mãe não seja a única coisa que sou, isso é o que melhor me define mais. Percebo que posso ser mãe e ter uma carreira. Acho que temia perder a mim mesma quando tive a minha filha, e o pós-parto apenas tornou isso mais difícil. Agora vejo que, com isso, tenho ainda mais de mim mesma. A vida nunca se torna tediosa, e, embora eu fique bem cansada a maior parte do tempo, Rowan nunca para de me inspirar. Quer ela esteja me fazendo querer ser uma mãe melhor, uma esposa mais forte ou uma atriz mais honesta, eu a mantenho em meus pensamentos. Agora me sinto fortalecida pela experiência."

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Como as mamães se sentem


O périodo pós-parto traz uma série de sintomas físicos, como alterações de peso e apetite, fadiga, insônia, dor no corpo...que tb são caractéristicas da depressão pós-parto. Mas a depressão está em primeiro relacionada aos sentimentos: como vc se sente em relação a si mesma, a sua situação, às pessoas à sua volta, a sua própria vida e sem dizer que a tristeza e o baixo-astral são os sentimentos mais constantes e evidentes.

Para essa postagem selecionei algumas frases de como as mães descrevem a depressão:

"Tudo era um grande esforço, um martírio , até levantar e me mexer."

"Nada parecia valer a pena. Eu pensava: para que me preocupar?, nada mudará."

"Era um esforço fazer até o básico, quanto mais brincar com ela."

"Eu me sentia muito frustrada por ficar enfurnada em casa o tempo todo."

"Por que ninguém me disse que seria assim; eu não fazia a menor idéia!"

"É como se eu quisesse devolvê-la e recomeçar quando estivesse mais preparada. Depois que o bebê está aqui, não tem mais retorno. Eu me sentia muito irritada por estar numa prisão como essa."

"Eu sentia que tudo seria melhor para ela se tivesse outra mãe."

"Eu não estava cuidando dela tão bem quanto deveria e me sentia culpada."

"Escondi minha depressão o máximo possível, pois sentia muita culpa por não estar conseguindo aguentar a nova vida e as novas responsabilidades."

"Eu olhava à minha volta e via outras mães muito melhores do que eu, amando seus bebês e sentindo-se contentes por estarem com eles." 

Confesso, que acabo me encontrando em algumas frases, emails e depoimentos...por mais diferente que nós mães e seres humanos somos, de certa forma temos semelhantes angústias, sentimentos, dores, desejos, medos...e nada como acreditar, mas acreditar mesmo de coração, alma, corpo, mente...que para tudo se tem uma "fórmula"...basta querer, procurar e fazer.

Fiquem com Deus!
Beijos
Jú.

"A cura irá acontecer. Você irá ver. Irá entender. E ficará mais sábio. Então haverá paz." Brian Weiss

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Problemas de adaptação

Como pode as vezes nos sentirmos tão perdidos, sem saber o que fazer e por muitas vezes entrando em pânico.

Havia uma época em que as mulheres se casavam jovens, não trabalhavam fora de casa depois do casamento e os filhos vinham depressa. Hoje, a tendência é casar-se mais tarde, depois de ter aproveitado bastante a vida de solteiro e, em muitos casos, estabelecido uma carreira. Mesmo após o casamento, muitas mulheres tendem a esperar até se estabelecer financeiramente para construir uma família. 
Houve um aumento no número de mulheres tendo filhos entre 30 e 40 anos, e uma diminuição no grupo de 20 a 25 anos.
Essa tendência é significativa em qualquer discussão sobre depressão pós-parto, pois influencia na forma como a mulher irá lidar com a grande mudança de vida que é a maternidade. Por volta dos 30 anos, costumamos controlar nossa própria vida. Então, aparece o bebê e, por mais organizada que possa ser a mamãe, é difícil manter esse controle. A realidade da vida com o bebê pode desiquilibrar completamente os pais.
As coisas não serão mais as mesmas, e por que deveriam?
E assim queridas mamães, em muitos aspectos, a depressão pós-parto pode ser um lamento pelo que foi perdido, ainda mais se encontramos dificuldades em nos adaptar como mães.

Eu me lembro de quando a Gi dormia eu ficava minutos e mais minutos olhando pela janela, vendo as pessoas irem na padaria, uma cena tão simples, mas isso me trazia uma preocupação enorme, pois eu pensava que nunca mais poderia ser livre como aquelas pessoas, me sentindo tão diferente delas. 

Tornar-se pais muda o eu mais íntimo das pessoas, assim nos sentimos em um grande desafio, criando condições para a depressão pós-parto. 
A maternidade molda nossas esperanças e sonhos para o futuro; muda nossas idéias sobre o que é mais importante nessa nova fase de nossas vidas e coloca nossa vida emocional de cabeça para baixo.
Embora a maternidade nos traga algo estranho, novo e vulnerável, ao nos adaptarmos com toda a nova situação e a cada dia irmos conhecendo o nosso bebê, vamos aos poucos nos tornando mães por completo.

Queridas mamães, obrigada pelos comentários e emails, vcs sem dúvida fazem o blog ficar cada vez melhor!!!


"O amor é a derradeira resposta que vc pode criar e manter dentro de seu ser. Apenas ame. E vc estará começando a tocar Deus em seu íntimo. Sinta-se amando. Manifeste o seu amor. O amor dissolve o medo." Brian Weiss

domingo, 8 de novembro de 2009

Tipos de parto

Conversando com algumas mães, que passaram pela depressão pós parto, outras que sentiram nas 4, 5 primeiras semanas aquela tristeza tão profunda mas que felizmente não entraram em depressão e outras que desde o ínicio ficaram numa boa; começamos a nós perguntar se os diferentes tipos de parto nós levavam com mais facilidade para a depressão.
Algumas de nós tiveram parto normal e outras cesárea, assim levantamos a questão: Será que o parto normal por produzir uma quantidade enorme de hormônios nas contrações apresentava uma maior probabilidade da mãe ter depressão? Eu mesma respondi que iria perguntar para a minha psiquiatra.

Ela me disse que é o contrário, ou seja as mães que tem cesária apresentam maior probabilidade de ter depressão pós-parto. Por que?
O parto normal por ser mais parecido com o fisiológico (parto natural) tem vantagens sobre a cesariana. O corpo da mulher foi preparado para isso, a recuperação é muito mais rápida, há menor chance de hematomas ou infecções, menor risco de complicações para a mãe. Já o parto cesárea é cirurgico. E a mãe deixa de ser uma parturiente para ser uma paciente cirúrgica. Em muitos casos as cesáreas são marcadas conforme a facilidades do médico e pais, sendo assim o bebê muitas vezes é tirado da barriga da mãe antes mesmo de sua hora. 
Sabemos que a placenta apresenta hormônios do bem estar e quando ela é tirada de nosso organismo perdemos toda aquela sensação que tinhamos na gravidez. Assim, no inconsciente, o parto é vivido como uma grande perda para a mãe, muito mais do que o nascimento de um filho. Ao longo dos meses de gestação ele foi sentido como apenas seu, como parte integrante de si mesma e, bruscamente torna-se um ser diferenciado, com vida própria. 
Sendo assim nós mães ficamos num estado de total confusão, como se tivessem arrancado algo muito valioso ou como se tivesse perdido partes importantes de si mesma .

Queridas mães, espero de alguma forma ter respondido a questão que abrimos em nossas conversas. Muito obrigada por estarmos juntas.

"As mulheres que concebem e amamentam apresentam uma espécie de rejuvenescimento em todo o organismo, acompanhado de um caráter mais forte, mais resistente à dor, com refinamento de todas as qualidades mais belas da alma feminina: a bondade, a ternura, a resignação, o espírito de sacrifício e a abnegação." Pinard

 

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