"Um menino tropeça, rala o joelho e chora. A mãe vem, pega-o no colo, e o acalma; logo o choro acaba e ele sai correndo, e nem se lembra da dor."
Essa é a reação "placebo" em seu aspecto mais simples, que demonstra o poder de uma palavra de carinho e da sensação de estar em segurança.
É a forma de cura mais antiga, e o seu efeito sobre os adultos pode ser imenso: na verdade, em experiências feitas com novos medicamentos, de 35% a 75% dos pacientes se beneficiam quando tomam comprimidos falsos.
Tomografias do cérebro mostram que os placebos têm efeitos tão "real" quanto os medicamentos.
A neurocientista americana Helen Mayberg verificou que os antidepressivos e o placebo aumentam a atividade do córtex frontal, parte do cérebro que pensa e planeja, e reduzem a atividade nás áreas ligadas às emoções.
Na verdade, em estudos que comparam os antidepressivos e os placebos - o desempenho dos remédios é praticamente igual ao do placebo.
Placebos podem ter efeitos notáveis.
Quase não há efeito placebo em caso de cãncer, infecções bacterianas e osteoporose. Mas são eficazes em doenças como depressão, dores em geral, cefaleia...quando a reação ao tratamento depende dos sentimentos subjetivos do paciente.
Outro método para aumentar a eficácia dos placebos é dar um medicamento comprovado algumas vezes no início e depois troca-ló secretamente pelo placebo. Funciona melhor do que o placebo sozinho.
Quem pensaria que o mecanismo por trás de um simples abraço pudesse ser tão complicado?
O que é o efeito placebo?
A palavra placebo deriva do latim, do verbo "placere", que significa "agradar". Uma boa definição é a seguinte:
"Placebo é qualquer tratamento que não tem ação específica nos sintomas ou doenças do paciente, mas que, de qualquer forma, pode causar um efeito no paciente."
Note bem a diferença: placebo é o tratamento inócuo. Efeito placebo é quando se obtém um resultado a partir da administração de um placebo.
Uma conclusão interessante é a seguinte: toda medicação administrada, além do seu efeito real farmacológico, tem também um efeito placebo, e eles dificilmente podem ser separados um do outro.
O efeito placebo é conhecido e descrito desde o século XVIII e não pressupõe apenas a administração de uma substância inerte. Um médico atencioso, um exame diagnóstico e o otimismo do doente em relação ao tratamento contribuem sobremaneira para a sua recuperação. Quanto maior o componente psicológico de um distúrbio, maior será a sua suscetibilidade ao efeito placebo.
Como tal, a depressão não escapa à regra. Os mecanismos biológicos envolvidos no efeito placebo ainda não foram completamente compreendidos, mas uma das hipóteses mais aceitas é que ele seria deflagrado pela liberação de endorfina, um analgésico produzido pelo próprio organismo, e de dopamina, substância capaz de fazer o cérebro repetir processos prazerosos – como a melhora de uma doença.
No caso da depressão, a cascata química desencadeada pelo efeito placebo atua diretamente nos mecanismos psíquicos que estão na origem da doença – a autoestima do paciente, suas expectativas em relação à vida, sua disposição física e mental... "O efeito placebo tem eficácia terapêutica", diz o neurocientista Renato Sabbatini, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Portanto, é difícil, sobretudo no campo da psiquiatria, determinar com precisão o que é resultado da intervenção química do remédio e o que é produto de seu efeito placebo. Escreve o médico canadense Grant Thompson, no livro The Placebo Effect and Health (O Efeito Placebo e Saúde): "O efeito placebo não é um inimigo". Em entrevista a VEJA, o psicólogo Kirsch defende: "Eu concordo plenamente que o efeito placebo é importante. Mas, se um remédio apenas evoca o efeito placebo, não deveria ser usado".
Não é o caso dos antidepressivos. Nove especialistas ouvidos por VEJA, entre psiquiatras, neurocientistas, farmacologistas e psicanalistas, são peremptórios em dizer que uma diferença de eficácia da ordem de 18% ou 25% entre a ação de um medicamento e a do placebo não é pouca coisa. "Para um deprimido grave, é o que pode fazer toda a diferença", diz o psicofarmacologista Elisaldo Carlini, professor da Universidade Federal de São Paulo. Descobertos nos anos 50, os remédios contra a depressão têm por objetivo restabelecer a química cerebral de modo a que as pessoas consigam enfrentar a vida cotidiana e seus problemas. Imagine um par de óculos com as lentes embaçadas... O antidepressivo é aquele pedacinho de pano usado para limpá-las, desanuviando a mente. "Nos casos mais graves, o remédio funciona como um curativo, que protege a ferida", explica a psiquiatra Laura de Andrade, da Universidade de São Paulo. "Com ele, o doente consegue seguir o dia a dia sem se machucar ainda mais."
A mais comum das doenças psiquiátricas, a depressão ainda desafia a medicina. Suas origens biológicas e suas causas não foram totalmente desvendadas. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que a doença surgia da carência no cérebro de neurotransmissores, associados às sensações de prazer, autoconfiança, apetite e libido, entre outras. A hipótese mais aceita hoje é a de que a depressão está ligada ao mau uso que o cérebro faz de tais substâncias. O tratamento também não é simples. Ao contrário. Há de se levar em conta os vários tipos de depressão e as inúmeras substâncias antidepressivas no mercado – há pelo menos sessenta delas à venda no Brasil. Descobrir o medicamento mais adequado a cada paciente é um trabalho, na maioria dos casos, de tentativa e erro. Apenas 37% dos doentes encontram alívio com o primeiro remédio prescrito por seus médicos. "Nos estudos que serviram de base às metanálises de Kirsch, é possível, por exemplo, que pacientes incluídos em pesquisas com inibidores seletivos de recaptação de serotonina reagissem melhor a outras classes de antidepressivos", diz o psiquiatra Valentim Gentil Filho, da Universidade de São Paulo. Além disso, pacientes com quadros depressivos semelhantes podem responder de forma completamente distinta a um mesmo tratamento.
Para essa postagem, tirei informações da Revista Veja e da Revista Seleções.
Espero que tenha esclarecido, pelo menos um pouco, as questões que surgem sobre o Efeito Placebo.
Digo que tb aprendi muito com essa pesquisa.
Bjos
Fiquem com Deus.
Jú.
"UM SIMPLES PENSAMENTO DE GRATIDÃO ELEVADO AO CÉU É A MAIS PERFEITA ORAÇÃO." G.E. LESSING.
4 comentários:
Jú!!
EStou entre os 37% então... :)
Nossa ARRASOU nesse post. De verdade.
Eu me dei bem com o primeiro medicamento que a minha édica passou...minha dificuldade foi em acertar na MÈDICA e não no remédio rs...
Nosso cérebro...nossa mente...são capazes de fazer coisas que nem os mais estudiosos, médicos e doutores poderiam imaginar.
Dá para acreditar que usamos apenas dez por cento da nossa capacidade cerebral???? (No caso de homens até dá né??? rsrs...)
Mas então, e esses 90 por cento restantes??? Imagine só quanta coisa somos capazes de fazer em nem sabemos...
Eu não conhecia este assunto tão bem, sobre o efeito placebo;
No meu caso quando eu fico sem tomar o meu remédio, as vezes esqueço, eu fico com muita tontura...quando vou tomar novamente aquela tontura, imediatamente passa. Nossa. Efeito placebo???? Deve ser...!!!!!!!
Que barato....
Bom, eu amei uma de suas fontes para pesquisa
Essa revista "Seleções" é maravilhosa!!
Tem matérias e muitos depoimentos lindos.
Jú, posso deixar aqui o endereço do meu blog???? :)
http://nerudaemmim.blogspot.com/2010/04/morre-lentamente.html
Obrigada. :)
Beijos a todas
Lu
Obrigada!!!!
Obrigada mesmo pela postagem.
Achei sensacional o efeito placebo,
se parar e pensar um pouco consigo perceber que quando recebo o mínimo de atenção de outras pessoas, sendo da família ou não, já me sinto melhor!
Mas quando fico com raiva de pessoas e acontecimentos, acabo entrando em crise e tb fico muito agressiva e acabo agredindo com palavras pessoas que na verdade eu tenho que olhar e desejar ser feliz como ela e não desejar que ela seja infeliz como eu!!
Obrigada pelo espaço.
Lu, parabéns pelo blog!
Jú, obrigada pelo comentário e pela postagem!!!
Nunca vou desistir e essa depressão não faz parte de mim!
beijos
Sony
Recebi a indicação de um livro que fala sobre o poder de nossa mente na cura de qualquer doença! Não comecei a ler ainda , mas com certeza é muito interessante e para quem gosta de ler fica aqui minha dica:
" A biologia da crença " - Bruce Lipton
Jú
Lu,
Parabéns pelo blog...nossa estou amando os poemas!!!
Vc pode sempre falar do seu blog aqui!!! Sinta-se a vontade!!!
Sony, fico feliz por ter gostado e mais feliz ainda em saber que vc vai procurar ajuda!! Muitas vezes apenas o remédio não faz efeito, como vimos, outras coisas tb são fundamentais para a cura!!! E se Deus quiser vc vai encontrar a sua!!!
Jú, obrigada pela dica do livro!!!
Bjos a todas
Jú.
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